25 junho 2009

santa palavra (para você, leitor!)

Escrever é?

Sempre tive muita dificuldade para escrever. Muita mesmo. Nas provas de redação da escola, ficava como uma pedra na frente do papel. E junto alimentava uma sensação de impotência. Assim, pensava: eu não sei escrever. Eu não sei escrever, repetia. Dura crença. E, com este pensamento permaneci por alguns anos, depois.

Ao mesmo tempo, nunca desisti de perder o medo de trabalhar a linguagem verbal para expressar as minhas idéias. Às vezes, sentia necessidade, daí, os meus diários anuais. Mas, naqueles jorros sentimentais, morava um jeito de explorar uma busca pela minha identidade e o de entender o mundo, talvez. Nada mais, nada menos. Nunca tive vontade de torná-los uma pré-idéia para um livro, por exemplo. Não, não. O personagem era a menina, daqueles idos anos 90.

Então, os anos passaram e algo permaneceu: eterna devota da escrita literária. E pronto! Aqui é o ponto de chegada neste blog. Não vou me alongar nesse passado de amante das palavras. Mas, depois de quatro meses "postando" alguns devaneios em "As Rosas", quis saber aonde quero chegar, afinal, já estou no ar há algum tempo.
Caro leitor, você sabe? Por favor, não responda. Posso não aguentar a bronca. Mas, sussura aqui: você sabe? Calma, eu também sei.

Pois, como falei no meu primeiro post ("Primeira vez"), a escrita se assemelha muito com as minhas lembranças do tempo de balé. É a coreografia do pensamento, dentro de um alfabeto desvairado, quando podemos criar milhões de sentidos com as palavras do nosso vocabulário... escrever é escolher uma palavra aqui... criar um parágrafo mais programado lá... colar aquele personagem com um ambiente acolá... e vem uma cidade inteira de percepções descoladas do comum... (sente a dança, leitor)... quebra a linearidade da narrativa... delimita a vida de uma família num capítulo... mata o cachorro do protagonista... fala de amor, amizade, ódio, intrigas... e cria e desconstrói... e perde a lógica da razão... e chora, e sente, e ri... e peita o mundo em papéis, linhas ou letras virtuais até o ponto de uma crônica, um conto, um romance...

...e chega numa dança prazerosa e estonteante: o objetivo do meu blog, também! Não farei deste espaço uma seita "palavrística", sem sacramentos verborrágicos, quero ousar pela descoberta da escrita nossa de cada dia.

Então, leitor, aumentou a sua certeza sobre "As Rosas"? Ah! Desculpe-me, estava testando a sua vontade de me levar a sério. Usei este post para não deixar um triste silêncio entre nós. Fiquei um pouco ausente, não é mesmo? Mas, continua por aqui, vai. O meu blog depende da sua paciência e disposição para uma literatura ainda sem forma, mas, cheia de tensão e emoção. Porque, no final, a vontade é manter esse contato: você e eu.

O bloco está na rua... Só estou tentando acertar a melodia do samba. Vambora?!

16 junho 2009

meio mastro


Tem um dia que o amor não levanta da cama. Olha-se para o lado, ele não está lá. Olha-se para dentro e somente o vazio existe. Vazio? Vazio é igual buraco? Nesse caso, não!

Esse vazio é o "não-sei". Esse vazio é a mesa para o café-da-manhã que antes era para dois e, agora, está deserta porque um dos amantes não existe mais.

Porque não há mais o que se comemorar ao ver o sol nascer. Porque só a tristeza acompanha as manhãs de quem precisa se enrolar no imenso lençol de casal, que ainda guarda o cheiro, o espaço e a inexistência dele.

Hoje meu amor morreu.

Eu não fiz decreto. Não assinei uma lei. Aconteceu enquanto eu menos esperava. Meu amor não levantou da cama. Ele se foi... junto a um sonho acordado, que se esquivou de mim em alguma esquina de uma madrugada bêbada e boêmia...