Não estou conseguindo pensar no post desta semana. Estou presa num refluxo. O vai e volta da minha dor na boca do estômago. A gastrite anda tirando a ordem do meu pensamento. Não vou deixar essa semana em branco. Então, me vejo obrigada a falar sobre não conseguir escrever.
Queria contar uma história de um menino que ignorei pois, não vi a fome dele. Pediu um prato de comida e enxerguei nele mais um pedinte. Foi tudo muito rápido. Ele chegou e disse: "moça, paga alguma coisa pra mim comer?" Numa auto-defesa desnecessária, rapidamente, falei que eu não tinha nada. "Mas, moça, não quero dinheiro, só um lanche" - finalizou. Na hora, não consegui escutar o pedido. E, ele foi embora.
Senti nojo de mim, minutos depois, por não perceber a necessidade do garoto. Ainda pensei em correr atrás dele, mas, não tive coragem. Não me pergunte por quê. Ele se perdeu entre os carros com a barriga vazia. E fiquei estática na calçada, ironicamente, em frente uma padaria, sem entender o meu impulso primeiro para falar não.
Talvez, por isso, eu não consiga nem começar escrever sobre esse episódio. Afinal, quero superá-lo pela escrita? Seria muita hipocrisia. Gostaria de ter efetuado uma ação. Só isso.
Queria, também, escrever sobre as pessoas que vão e vêm. Basta, estarmos na lida da vida e todo dia nos perdemos de alguém. Poucas ficam realmente. E aqueles que vão embora, por que foram? De quem é a culpa? Existe culpa?
Pensei num texto com o título "Encontros e desencontros", o mesmo do filme que tanto gosto e sempre choro na cena final: a despedida dos personagens principais, depois de se conhecerem durante uma viagem, guardada num abraço fraterno e verdadeiro. Um dos encontros mais singelos do cinema. E o adeus mais lindo, embora, triste.
Porém, temi ser muito clichê com tal temática... Tantos poetas já falaram sobre isso... Daria voltas no óbvio. Resolvi não tentar.
Olha... acabo de ver um problema neste meu argumento acima. Afinal, um dos desafios do escritor não é exatamente conseguir falar daquilo que já foi dito, mas de uma outra forma?
Escrever é arranjar jeitos diferentes para contar sobre as situações que nos rodeiam. Então, por que o medo?
E, ainda sobre o pedinte ignorado por mim, levantar essa minha questão num texto não poderia acordar outros também? Não poderia trazer ações para depois, tanto minha, quanto de outros? O passado se apaga. E o futuro?
A Literatura está aí para isso, não é?
Ser escritor não é frequentar as estantes de uma livraria. Mas, tentar e conseguir dizer. Buscar respostas sem temer. Através das palavras, no jogo de um texto literário, sem lógica formal, o escritor pode explanar sobre o mundo e levar os leitores a algum lugar que existe para todos; embora, não tenha sido pensado e sentido no modelo dito pelo autor, antes da obra dele ser criada.
Opa! Falei das coisas que tive vontade de dizer e o porquê não consegui (ainda possibilitei uma auto-reflexão). Acabei me esquivando do vazio de não conseguir postar nada. Vou ficar em paz com a minha gastrite, agora.
Um grito, poético ou não, precisa sempre ser maior que a dor. Hoje, nada ecoa. Somente uma voz de desculpas. Vou melhorar, para depois continuar no meu deleite blogueiro na procura de alguma literatura... No próximo post, tentarei parir um suspiro cheio de ruídos, com menos perguntas e mais exclamações.
Queria contar uma história de um menino que ignorei pois, não vi a fome dele. Pediu um prato de comida e enxerguei nele mais um pedinte. Foi tudo muito rápido. Ele chegou e disse: "moça, paga alguma coisa pra mim comer?" Numa auto-defesa desnecessária, rapidamente, falei que eu não tinha nada. "Mas, moça, não quero dinheiro, só um lanche" - finalizou. Na hora, não consegui escutar o pedido. E, ele foi embora.
Senti nojo de mim, minutos depois, por não perceber a necessidade do garoto. Ainda pensei em correr atrás dele, mas, não tive coragem. Não me pergunte por quê. Ele se perdeu entre os carros com a barriga vazia. E fiquei estática na calçada, ironicamente, em frente uma padaria, sem entender o meu impulso primeiro para falar não.
Talvez, por isso, eu não consiga nem começar escrever sobre esse episódio. Afinal, quero superá-lo pela escrita? Seria muita hipocrisia. Gostaria de ter efetuado uma ação. Só isso.
Queria, também, escrever sobre as pessoas que vão e vêm. Basta, estarmos na lida da vida e todo dia nos perdemos de alguém. Poucas ficam realmente. E aqueles que vão embora, por que foram? De quem é a culpa? Existe culpa?
Pensei num texto com o título "Encontros e desencontros", o mesmo do filme que tanto gosto e sempre choro na cena final: a despedida dos personagens principais, depois de se conhecerem durante uma viagem, guardada num abraço fraterno e verdadeiro. Um dos encontros mais singelos do cinema. E o adeus mais lindo, embora, triste.
Porém, temi ser muito clichê com tal temática... Tantos poetas já falaram sobre isso... Daria voltas no óbvio. Resolvi não tentar.
Olha... acabo de ver um problema neste meu argumento acima. Afinal, um dos desafios do escritor não é exatamente conseguir falar daquilo que já foi dito, mas de uma outra forma?
Escrever é arranjar jeitos diferentes para contar sobre as situações que nos rodeiam. Então, por que o medo?
E, ainda sobre o pedinte ignorado por mim, levantar essa minha questão num texto não poderia acordar outros também? Não poderia trazer ações para depois, tanto minha, quanto de outros? O passado se apaga. E o futuro?
A Literatura está aí para isso, não é?
Ser escritor não é frequentar as estantes de uma livraria. Mas, tentar e conseguir dizer. Buscar respostas sem temer. Através das palavras, no jogo de um texto literário, sem lógica formal, o escritor pode explanar sobre o mundo e levar os leitores a algum lugar que existe para todos; embora, não tenha sido pensado e sentido no modelo dito pelo autor, antes da obra dele ser criada.
Opa! Falei das coisas que tive vontade de dizer e o porquê não consegui (ainda possibilitei uma auto-reflexão). Acabei me esquivando do vazio de não conseguir postar nada. Vou ficar em paz com a minha gastrite, agora.
Um grito, poético ou não, precisa sempre ser maior que a dor. Hoje, nada ecoa. Somente uma voz de desculpas. Vou melhorar, para depois continuar no meu deleite blogueiro na procura de alguma literatura... No próximo post, tentarei parir um suspiro cheio de ruídos, com menos perguntas e mais exclamações.