Ontem, nos encontramos e foi engraçado. Lembrei dos passeios para o Guarujá. Éramos crianças. De vez em quando, nossas famílias iam juntas para um piquenique bem festivo. No ônibus, tinha gente que se atrevia a cantar, até; um belo coral de desafinados. A lembrança mais forte, porém, daquela bagunça, era você sentado no banco da janela ao lado da sua tia. Olhos atentos, observava tudo, as pessoas, ruas e cores por onde passávamos. Eu ia logo atrás num banco depois do seu, apertada entre o meu irmão e minha mãe. Sempre irritada, porque tinha que ficar num espaço minúsculo e tudo o que eu queria era chegar na praia, achava suas perguntas ridículas.
Primeiro, você queria saber por que o semáforo tinha três cores diferentes. Depois, questionava o tamanho dos prédios. E eu só queria chegar logo... Mas, as suas perguntas não paravam. Tia, por que as pessoas andam apressadas, dizia com uma voz ainda de pirralho. Por que isso, por que aquilo, continuava. E eu bufava. Virava para minha mãe e falava: esse menino quer saber de tudo, compra uma revista de perguntas e respostas, assim fica quieto. Eu implicava com você, e até hoje não sei por qual motivo pegava tanto no seu pé.
Primeiro, você queria saber por que o semáforo tinha três cores diferentes. Depois, questionava o tamanho dos prédios. E eu só queria chegar logo... Mas, as suas perguntas não paravam. Tia, por que as pessoas andam apressadas, dizia com uma voz ainda de pirralho. Por que isso, por que aquilo, continuava. E eu bufava. Virava para minha mãe e falava: esse menino quer saber de tudo, compra uma revista de perguntas e respostas, assim fica quieto. Eu implicava com você, e até hoje não sei por qual motivo pegava tanto no seu pé.
Ontem, eu estava no ponto de ônibus e nos encontramos, depois de tanto tempo. Eu esperava a linha 80 e te vi dentro da linha 19, que parou na minha frente para pegar alguns passageiros. Ia na janela, como naqueles tempos dos passeios da nossa velha infância. Nos reconhecemos e o sorriso entre nós foi espontâneo. Fiquei muito feliz. E percebi que seu olhar observador permaneceu. Seus olhos iluminados esbanjavam o charme de menino ainda, mesmo com barba e voz grave. Trocamos meia dúzia de palavras, enquanto colocou a cabeça para fora e perguntou como andava a minha vida. O ônibus disparou e a despedida foi na velocidade do arranque. Você ficou olhando para o ponto e eu, parada, só queria saber: o que me perguntara?
concerteza ele perguntou : Quer casar comigo?
ResponderExcluirAdorei.
bjos, saudades!
oh,mais uma cronista de mão cheia,parabens brejeira. belo texto
ResponderExcluirQue lindo esse seu texto, Day, que delicadeza. Parabéns, amei. Bjos,
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