Para Denise e Leandro
Esquina da Avenida São João com a Avenida Ipiranga. São Paulo, 2 de maio de 2009. Meia-noite.
Não lembro a posição da lua no céu. Mas, era uma noite gelada com ventos de outono, o que pedia uma garrafa de vinho e muita música para esquentar. Dito e feito.
Na esquina mais conhecida pela canção "Sampa" de Caetano Veloso ("Alguma coisa acontece no meu coração/ Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João"), eu esperava ansiosamente os meus... dois irmãos. Marcamos ali porque o nosso destino era o palco São João da Virada Cultural, a alguns metros daquela esquina histórica - e uma ótima referência para não perdermos tempo de nos perdermos.
O vinho já tinho sido providenciado. E o meu desejo de ficar perto deles também.
Enquanto eu discava no celular o número do meu irmão, pois, já passavam do horário combinado, o cantor Marcelo Camelo se apresentava no palco ao fundo, os dois se aproximaram, riram e falaram: vamos, mana...
Como uma surpresa esperada, eu não sabia se a emoção era do susto, porque eu estava distraída, ou de felicidade, e falei: caramba, vocês demoraram!!!! (...)
É... coisas de irmãos. Com os irmãos, é difícil dar o braço a torcer. E eu não queria dizer que aguardava-os ansiosamente, porque meu desejo de vê-los já tinha sido garantido. Em outro momento, encontraria um jeito de mostrar a minha alegria por estarmos juntos. Eu sabia disso.
Afinal, a madrugada era nossa. Nada poderia estragar. Três irmãos, três maneiras diferentes de ser, três destinos e uma ligação única e exclusiva: nossa irmandade. Ali, no coração de São Paulo... num céu sem estrelas, que cobria as ruas apinhadas de gente, música e a nossa união.
E entramos na Avenida São João ao som de "Além do que se vê", cantada por Marcelo Camelo:
"Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
que a estrada vai além do que se vê
Sei que a tua solidão me dói
e que é difícil ser feliz
mais do que somos todos nós
você supõe o céu.
Sei que o vento que entortou a flor
passou também por nosso lar
e foi você quem desviou
com golpes de pincel"
Coincidência ou não, anos atrás, dediquei essa música ao meu irmão. Porque lembro sempre dele ao ouvi-la. Porque, nos meus momentos de aflição, sei que ele cantaria esta letra pra mim. Enfim, porque é a trilha dele... É a cara dele!
E assim, Marcelo Camelo fechou o show, o meu irmão se emocionou e eu fotografei para sempre aquele sentimento único que nos envolvia ao cantarmos bem alto, junto ao coro do público que prestigiava tal momento sublime do ex-Los Hermanos.
Sim, nesta hora, o vinho já tocara o meu estado são. A sensibilidade gritava e eu queria mais.
Os próximos a se apresentarem, num dos palcos principais da Virada Cultural, era Coletivo Instituto com BNegão e Thalma de Freitas, que cantariam as músicas do álbum "Tim Maia racional". O rapper com seu discurso afiado e a musa negra, de uma voz sensacional, dariam o tom de mestres para a minha noite. E assim foi.
Eu e minha irmã arriscávamos passos na mesma sintonia. Ela com movimentos pincelados de delicadeza e eu, emocionada, acompanhava o quadro imaginário pintado ao som de “Bom senso":
"Já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já pedi ajuda
Já dormi na rua"
Este refrão soava, todos vibravam. E ali, eu entendia a nossa ligação. A garotinha que um dia foi café-com-leite nas brincadeiras dos irmãos deslocava-se sensualmente e nos empolgava a soltar a garganta... e o nosso encontro consolidava-se em linhas desgovernadas, cores abstratas e num amor incondicional. (...)
Não lembro a posição da lua no céu. Mas, era uma noite gelada com ventos de outono, o que pedia uma garrafa de vinho e muita música para esquentar. Dito e feito.
Na esquina mais conhecida pela canção "Sampa" de Caetano Veloso ("Alguma coisa acontece no meu coração/ Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João"), eu esperava ansiosamente os meus... dois irmãos. Marcamos ali porque o nosso destino era o palco São João da Virada Cultural, a alguns metros daquela esquina histórica - e uma ótima referência para não perdermos tempo de nos perdermos.
O vinho já tinho sido providenciado. E o meu desejo de ficar perto deles também.
Enquanto eu discava no celular o número do meu irmão, pois, já passavam do horário combinado, o cantor Marcelo Camelo se apresentava no palco ao fundo, os dois se aproximaram, riram e falaram: vamos, mana...
Como uma surpresa esperada, eu não sabia se a emoção era do susto, porque eu estava distraída, ou de felicidade, e falei: caramba, vocês demoraram!!!! (...)
É... coisas de irmãos. Com os irmãos, é difícil dar o braço a torcer. E eu não queria dizer que aguardava-os ansiosamente, porque meu desejo de vê-los já tinha sido garantido. Em outro momento, encontraria um jeito de mostrar a minha alegria por estarmos juntos. Eu sabia disso.
Afinal, a madrugada era nossa. Nada poderia estragar. Três irmãos, três maneiras diferentes de ser, três destinos e uma ligação única e exclusiva: nossa irmandade. Ali, no coração de São Paulo... num céu sem estrelas, que cobria as ruas apinhadas de gente, música e a nossa união.
E entramos na Avenida São João ao som de "Além do que se vê", cantada por Marcelo Camelo:
"Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
que a estrada vai além do que se vê
Sei que a tua solidão me dói
e que é difícil ser feliz
mais do que somos todos nós
você supõe o céu.
Sei que o vento que entortou a flor
passou também por nosso lar
e foi você quem desviou
com golpes de pincel"
Coincidência ou não, anos atrás, dediquei essa música ao meu irmão. Porque lembro sempre dele ao ouvi-la. Porque, nos meus momentos de aflição, sei que ele cantaria esta letra pra mim. Enfim, porque é a trilha dele... É a cara dele!
E assim, Marcelo Camelo fechou o show, o meu irmão se emocionou e eu fotografei para sempre aquele sentimento único que nos envolvia ao cantarmos bem alto, junto ao coro do público que prestigiava tal momento sublime do ex-Los Hermanos.
Sim, nesta hora, o vinho já tocara o meu estado são. A sensibilidade gritava e eu queria mais.
Os próximos a se apresentarem, num dos palcos principais da Virada Cultural, era Coletivo Instituto com BNegão e Thalma de Freitas, que cantariam as músicas do álbum "Tim Maia racional". O rapper com seu discurso afiado e a musa negra, de uma voz sensacional, dariam o tom de mestres para a minha noite. E assim foi.
Eu e minha irmã arriscávamos passos na mesma sintonia. Ela com movimentos pincelados de delicadeza e eu, emocionada, acompanhava o quadro imaginário pintado ao som de “Bom senso":
"Já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já pedi ajuda
Já dormi na rua"
Este refrão soava, todos vibravam. E ali, eu entendia a nossa ligação. A garotinha que um dia foi café-com-leite nas brincadeiras dos irmãos deslocava-se sensualmente e nos empolgava a soltar a garganta... e o nosso encontro consolidava-se em linhas desgovernadas, cores abstratas e num amor incondicional. (...)
...
E naquela noite, nada que fosse dito um para o outro seria necessário. Às vezes, falar estraga! Sabe, é muito bom ter irmãos.
É, é muito bom ter irmão!
ResponderExcluirE hoje ao ler esse texto no dia do aniversário da minha querida irmã que está longe, é difícil não se emocionar e sentir saudades.
Bjos.
'já senti saudade
ResponderExcluirjá fiz muita coisa errada
já pedi ajuda
já dormi na rua'
.
acho q sou eu...........e depois de pintar aquele quadro e beber aqueles vinhos e dormir no chão acordei com a voz do cordel cantando 'quando o sono não chegar'. rs
a gente se encontra na sargeta, hah
sargeta? hum... acho que não!
ResponderExcluiradorei...
ResponderExcluirque emoção!
já que falar na hora estraga, é bom ter um blog pra depois escrever..."dedicatória" merecida!
irmão é tudo! e mais um pouco...
beijos (pra vc e pros dois)
ainda bem que o irmao do meio..s.rsrsr
ResponderExcluirHEHEHE...Adoreiii... i eu estava lá!! + nem vi vocês :(
ResponderExcluirAmo vcs meus primos neguinhos!! rsrsrs
bjuuuuu